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Como empresas podem evitar processos trabalhistas

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    HCA
  • 5 de out.
  • 5 min de leitura

Administrar uma empresa no Brasil envolve conciliar metas financeiras, gestão de pessoas e cumprimento de uma legislação trabalhista complexa. O custo de litígios trabalhistas pode ser alto: além de indenizações e multas, ações na Justiça do Trabalho desgastam a reputação corporativa e afetam o clima interno. Felizmente, muitos desses conflitos podem ser prevenidos mediante boas práticas de gestão e uma cultura de respeito à lei. Este artigo explica as principais causas de processos trabalhistas e oferece um roteiro prático para minimizá‑los.



Como evitar processo trabalhista



Entenda por que surge o processo trabalhista


O primeiro passo é reconhecer os motivos mais comuns que levam empregados a buscar a tutela da Justiça do Trabalho. Segundo levantamento do Tribunal Superior do Trabalho, as principais ações referem‑se ao pagamento indevido ou não pagamento de horas extras, ausência de intervalo intrajornada e falta de assinatura da carteira de trabalho. Outro estudo, citado pela Migalhas, destaca causas como jornada excessiva e não pagamento de horas extras, ausência de registro na carteira de trabalho (CTPS), desigualdade salarial, não pagamento de adicionais de insalubridade e periculosidade e ações por danos morais. A TOTVS acrescenta que erros nas verbas rescisórias, falta de depósito do FGTS, assédio moral e acidentes de trabalho também figuram entre os principais motivos.


Resumindo, as causas mais frequentes incluem:


·       Horas extras sem pagamento adequado e falta de controle de jornada.

·       Descumprimento de verbas rescisórias e depósitos do FGTS, ou pagamento fora do prazo.

·       Não registrar o vínculo empregatício na CTPS ou alterar contratos sem consentimento.

·       Omissão dos adicionais de insalubridade e periculosidade, quando devidos.

·       Ambiente de trabalho inseguro que cause acidentes ou doenças ocupacionais.

·       Assédio moral e danos morais, inclusive discriminação salarial.


Identificar essas causas ajuda o empresário a direcionar esforços preventivos e a adotar políticas internas alinhadas à legislação.




Cumprimento rigoroso da legislação e atualização constante


Conhecer e seguir a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), as normas regulamentadoras (NRs) e as convenções coletivas é condição básica para evitar processos. A CLT estabelece, por exemplo, prazos para pagamento das verbas rescisórias (até o primeiro dia útil após o término do contrato ou até o décimo dia, nos casos de dispensa sem aviso prévio). O não cumprimento desses prazos resulta em multa e pode motivar ações judiciais. Já as portarias sobre controle de ponto exigem que a empresa registre a jornada de trabalho e pague corretamente as horas extras.


A legislação também prevê adicionais de insalubridade (de 10 % a 40 % do salário) e de periculosidade (30 %), que devem ser pagos sempre que o empregado estiver exposto a agentes nocivos ou riscos à vida. Deixar de pagar esses adicionais é causa recorrente de reclamações. Da mesma forma, a omissão de depósitos do FGTS (8 % da remuneração) gera passivo trabalhista e juros.


Manter‑se atualizado sobre leis e decisões judiciais é fundamental. A reforma trabalhista de 2017 alterou regras de jornada, descanso e custas processuais; a Lei 14.611/23 tratou da igualdade salarial entre homens e mulheres. Deixar de acompanhar essas mudanças pode levar a práticas ilegais por desconhecimento. Uma assessoria jurídica especializada ajuda a interpretar novas normas e ajustar processos internos.







Formalize contratos e registre a jornada corretamente


A formalização dos contratos de trabalho, com descrição de funções, jornada, benefícios e condições de trabalho, evita ambiguidade e protege ambas as partes. O site Advocacia Reis recomenda que todo empregado tenha contrato formalizado e que se utilizem corretamente as modalidades de contrato temporário, intermitente ou terceirizado. Alterações unilaterais no contrato, sem consentimento, podem gerar ações.


O controle de ponto deve ser preciso. As empresas devem adotar meios eletrônicos ou manuais confiáveis para registrar entrada, saída e intervalos, garantindo pagamento correto das horas extras. Sistemas eletrônicos aprovados pelo Ministério do Trabalho reduzem erros e fornecem relatórios que servem de prova em caso de disputa.


Além disso, a empresa deve protocolar a entrega e o recebimento de documentos — ficha de registro, contratos, exames admissional e demissional — e entregar Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) com comprovação formal. Essas medidas documentais ajudam a afastar alegações de irregularidades.




Invista em gestão de riscos e compliance trabalhista


A gestão de riscos trabalhistas consiste em mapear e prevenir situações que possam gerar passivos, como falta de registro, jornada irregular, assédio ou descumprimento de normas. Para isso, é necessário:


1. Criar políticas internas claras e códigos de conduta

Elaborar políticas de RH, manuais do empregado e códigos de conduta que definam direitos, deveres, procedimentos disciplinados e canais de denúncia. Essas políticas devem ser divulgadas e treinadas periodicamente. Um canal confidencial de compliance permite relatar irregularidades antes que se tornem litígios.


2. Treinar gestores e colaboradores

Treinamentos regulares para líderes e funcionários sobre legislação trabalhista, assédio moral e sexual e prevenção de acidentes são essenciais para criar um ambiente de respeito. Capacitar o RH para conduzir admissões, demissões e fiscalizações reduz falhas que originam processos. A TOTVS sugere campanhas de conscientização e desenvolvimento de líderes para prevenir assédio e discriminação.


3. Realizar auditorias internas e acompanhar indicadores

Auditorias periódicas nos processos de RH e folha de pagamento identificam inconsistências antes que as fiscalizações gerem multas. A análise de dados (People Analytics) pode identificar padrões que levam a litígios — como alta rotatividade em determinados departamentos — e orientar ações preventivas. Controlar indicadores como taxa de horas extras, absenteísmo, índices de afastamento por doença e pedidos de demissão voluntária ajuda a detectar problemas de clima e sobrecarga.


4. Fornecer ambiente seguro e condições de trabalho dignas

Garantir a segurança e a saúde no trabalho é obrigação legal. A empresa deve cumprir as Normas Regulamentadoras (NRs), fornecer EPIs, realizar exames médicos e promover ergonomia. Processos decorrentes de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais são comuns quando o empregado considera que houve negligência em garantir um ambiente seguro. Além disso, oferecer qualidade de vida — como horários flexíveis, benefícios e programas de bem‑estar — reduz insatisfações que podem culminar em ações.


5. Adotar práticas de relacionamento e comunicação transparentes

Muitos litígios nascem de expectativas frustradas. Não prometa metas inatingíveis ou benefícios que não serão concedidos. Na contratação, descreva claramente salário, benefícios e condições de trabalho. Realizar pesquisas de clima organizacional periodicamente permite avaliar a satisfação dos colaboradores e encontrar pontos de melhoria. Tratar as pessoas com respeito durante todo o ciclo de trabalho, inclusive na demissão, reduz a probabilidade de processos.







O papel da assessoria jurídica preventiva


Contar com um advogado trabalhista ou uma consultoria especializada é um investimento estratégico. Esses profissionais orientam a interpretação de leis, auxiliam na elaboração de contratos, realizam auditorias, participam de negociações com sindicatos e treinam equipes. A Advocacia Reis destaca que a atuação preventiva do advogado reduz significativamente o risco de autuações fiscais e ações movidas por empregados ou sindicatos, garantindo estabilidade e credibilidade no mercado. Além disso, permitem adequar procedimentos quando há mudanças legislativas.




Conclusão


Evitar processos trabalhistas não se resume a cumprir regras – é uma estratégia de gestão que passa por cultura organizacional, comunicação clara, respeito aos direitos dos trabalhadores e suporte jurídico especializado. Conhecer as principais causas de litígios – como horas extras não pagas, ausência de registro em carteira, adicionais não concedidos e assédio moral – permite à empresa atacar os problemas na origem. Formalizar contratos, controlar a jornada, manter documentação em dia, investir em compliance, treinar pessoas e construir um ambiente de trabalho saudável são medidas que reduzem riscos e fortalecem a reputação do negócio.




Disclaimer: Este artigo é informativo e não substitui uma consulta jurídica especializada. Recomenda‑se que as empresas busquem orientação de profissionais qualificados para casos específicos.









 
 
 

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